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PACS e Imagens Médicas na Nuvem – A convivência de gerações

PACS e Imagens Médicas na NuvemTodos nós que trabalhamos com PACS (Picture Archiving and Communication System) reconhecemos os avanços e benefícios proporcionados por essa tecnologia. Houve progresso substancial no cuidado com o paciente e em nossa rotina de trabalho.

 

Exames que antes eram impressos hoje podem ser disponibilizados digitalmente para médicos e pacientes. CDs, pen drives e outras formas ultrapassadas de armazenamento estão sendo aos poucos substituídas.

 

Clínicas, hospitais e centros diagnósticos ganharam maior conectividade e eficiência, melhorando os fluxos internos de trabalho. Salas para realização de exames passaram a ter comunicação com estações de laudos, conferindo agilidade e organização no gerenciamento das imagens médicas.

 

A capacidade de armazenar imagens, acessar e emitir laudos deu um salto enorme de qualidade, se comparado ao sistema impresso ou mesmo de equipamentos radiológicos que não se comunicavam. Mas não paramos por aqui.

A tecnologia aplicada à saúde em números

 

Pesquisa realizada pela CETIC (Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação) entre novembro de 2015 e abril de 2016 apontou que:

 

  • 98% dos estabelecimentos de saúde no Brasil possuem computadores;
  • 97% possuem acesso à internet banda larga;
  • 27% dos estabelecimentos possuem o laudo de exames radiológicos do paciente disponíveis eletronicamente.

 

Os números despertam atenção e curiosidade. Se por um lado os computadores e o acesso à internet estão universalizados, o acesso à tecnologia ainda convive com contrastes.

 

Estabelecimentos com até 50 leitos ficam abaixo da média nacional (26%) na disponibilização eletrônica de laudos de exames radiológicos. Estabelecimentos com mais de 50 leitos, por sua vez, apresentam um nível de digitalização expressivamente maior (60%).

 

Certamente que o acesso à tecnologia tem como barreira a disponibilidade de orçamento e a capacidade de gestão. Instalar um sistema PACS é um desafio complexo e pode consumir centenas de milhares de reais, além de semanas ou meses de dedicação.

 

Os benefícios podem ser facilmente percebidos para unidades de saúde. Mas a questão é: qual a próxima tecnologia que irá ampliar o acesso à solução de disponibilização de laudos de exames radiológicos de forma digital?

 

Na década de 90, antes do plano real, nem se falava em internet no Brasil. Computador era artigo de luxo e telefone fixo precisava ser declarado no imposto de renda. Hoje estamos vivendo uma nova era.

A computação na nuvem aplicada às imagens médicas

 

Havendo alguma ineficiência no mercado, há pelo menos uma mente no mundo pensando em como resolvê-la. A computação na nuvem (cloud computing) é uma ferramenta poderosa que tem revolucionado diversas indústrias. E a de sistemas é uma delas.

 

Soluções em nuvem têm potencial para substituir um PACS para visualização e análise de imagens, impressoras e filmes para impressão de exames e CDs, pen drives ou HD externos para armazenamento.

 

Hoje quem ainda não possui um PACS mas administra um centro de saúde e lida com imagens médicas deveria considerar seriamente as soluções em nuvem.

 

Se houver orçamento disponível para contratar uma solução consagrada como um PACS, é preciso entender que em poucos anos ela poderá estar obsoleta. É só pensar naquela impressora velha que está parada em sua unidade radiológica e você terá uma visão do futuro bastante nítida.

 

Milhares de reais de hoje podem se tornar hardwares ultrapassados, que ocupam espaço e consomem energia desnecessariamente, em poucos anos.

 

A solução na nuvem, não. Além de dispensar a imobilização de capital com equipamentos, ela está em ascensão no mercado, melhorando a cada dia sistemas, com melhor usabilidade e custo muito mais acessível.

Nova era tecnológica

 

Nossa vida pessoal certamente já foi dominada por sistemas na nuvem – iCloud da Apple, Gmail,  Netflix, Dropbox, Spotify, entre outros.

 

Muitos setores já passaram por este tipo de supressão tecnológica. A telefonia fixa é um exemplo.

 

Após as privatizações, mesmo com o acesso tendo sido ampliado, as pessoas sequer consideram a hipótese de contratar uma linha fixa residencial.

 

Elas continuam existindo, mas não em sintonia com os conceitos de mobilidade e flexibilidade que foram construídos com a popularização de dispositivos móveis como smartphones e tablets.

 

Acreditamos que os PACS devem continuar existindo e contribuindo para a melhoria da saúde. Mas esperamos que as próximas pesquisas da CETIC possam apresentar números cada vez mais expressivos de digitalização e a computação em nuvem seja um dos fatores de ampliação do acesso.

 

Dr. Roberto Cury, Cardiologista, Especialista em Imagem Cardíaca, Co-fundador da Ambra Saúde

 

Daniel Ávila, Consultor da Ambra Saúde

 

Este artigo foi publicado originalmente no Jornal Interação Diagnóstica – Edição n.º 96 Fev/Mar 2017.